R. KELLY, O ABUSADOR “EM SÉRIE”

R. Kelly: quem é ele e por que acusações de abuso e assédio sexual o tornaram ‘tóxico’ na música americana

John Legend o descreveu como um abusador “em série”, Lady Gaga se desculpou por ter trabalhado com ele e o cantor Neyo diz que não há “desculpa” para não boicotá-lo.

Há 20 anos, o músico americano R. Kelly enfrenta diversas acusações de assédio e abuso sexual – sendo muitas denúncias envolvendo adolescentes.

Mas o cantor, de 52 anos, nunca foi condenado e nega todas as acusações.

Os grandes sucessos de Kelly ainda são tocados por DJs de todo o mundo, ele tem um enorme fã clube e é considerado uma das maiores estrelas do género R&B (de ‘rhythm & blues’, a corrente mais comercial da música negra com influências de soul, funk e jazz).

No entanto, várias celebridades se posicionaram agora contra ele após o lançamento de um documentário chamado Surviving R Kelly – exibido recentemente no canal americano Lifetime.

Alega ainda que o cantor de R&B conduzia uma espécie de “culto” em que mantinha mulheres sob seu domínio, contra a vontade delas.

Em 2008, o cantor foi absolvido de 14 acusações de pornografia infantil em julgamento nos EUA e não enfrentou mais ações criminais desde então.

‘Mute R. Kelly’

Assim como Lady Gaga, outros artistas como Chance the Rapper e a banda francesa Phoenix também pediram desculpas por terem trabalhado com ele.

Já Omarion, vocalista do grupo B2K que teve alguns de seus maiores sucessos produzidos por R. Kelly, disse que a banda não vai mais tocar suas músicas.

A campanha “Mute R Kelly” – que prega o boicote de suas músicas e shows – ganhou, assim, fôlego novo.

Ela foi lançada em 2017 depois que outras denúncias contra o músico vieram à tona e ganhou força no ano passado, quando rostos famosos como a cineasta Ava DuVernay e a cantora Janelle Monae apoiaram o movimento.

Apesar de as denúncias de abuso contra R Kelly terem voltado aos holofotes, parece que sua carreira ainda não foi prejudicada.

A Nielsen Music, empresa de análise de dados nos Estados Unidos, diz que os números de streaming das músicas do cantor dobraram desde que o documentário foi ao ar, na primeira semana do ano.

De acordo com a companhia, R. Kelly teve em média mais de 955.600 streamings na última semana de 2018. Esse número subiu para mais de 1,5 milhão de 3 a 6 de janeiro.

O documentário inclui diversas entrevistas. Uma delas é com o cantor John Legend, que disse acreditar nas mulheres, descrevendo Kelly como um abusador “em série”.

O diretor, Dream Hampton, disse que o filme mostra como Kelly “construiu um ecossistema ao redor de sua predação” de quase três décadas, “predando jovens e vulneráveis mulheres”.

Pai ‘monstro’

Diante do documentário, a filha de R. Kelly rompeu com o silêncio sobre as denúncias de abuso sexual contra o pai.

Em um post no Instagram, Joann Kelly, ou Buku Abi (seu nome verdadeiro), disse estar “arrasada”.

Buku, de 20 anos, diz que não vê ou fala com o pai há anos. Chama ele de “monstro” e de pai “terrível”.

Ela disse apoiar as supostas vítimas do pai. Ela também explicou por que esperou para falar sobre as alegações, dizendo que demorou para ficar bem em relação a isso.